sexta-feira, 25 de março de 2011

O melhor do BBB

BIG BROTHER BRASIL
Autor: Antonio Barreto,
Cordelista natural de Santa
Bárbara-BA,residente em Salvador.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

Problemas das creches em Natal

Notícias
16.03.2011
Crise no Meios deixa 2.750 crianças sem assistência

Cerca de 2,7 mil crianças, com idades entre 1 a 5 anos, estão fora de creches. Este é o saldo negativo, segundo dados do Meios, causado com o fechamento das creches da entidade, após a incorporação pela Prefeitura do Natal.

O processo de transição, iniciado em 2010, foi concluído em 20 de janeiro deste ano, com a transferência das últimas 18 - do total de 23 - unidades. No entanto, até hoje nenhuma das creches foi reaberta no formato de Centro Municipal de Educação Infantil, pela Secretaria Municipal de Educação. A mudança – além da nomenclatura - é necessária para se adequar ao modelo pedagógico e para que recursos, inclusive federais, sejam repassados ao Município.

aldair dantasCreche em Mãe Luíza está sem data para voltar a funcionarCreche em Mãe Luíza está sem data para voltar a funcionar

Enquanto a discussão, entre gestores e funcionários, discorre sobre o pagamento dos vencimentos atrasados dos servidores da ONG - desde novembro sem receber - e da incógnita acerca da entidade continuar ou não a atuar na área social no atual governo, outra indefinição atormenta parcela mais carente da população: se, e quando, as creches voltarão a funcionar.

Em Mãe Luiza, duas creches - a João Perestrello e a Nossa Senhora de Lourdes - estão desativadas há mais de seis meses, trazendo transtornos aos moradores. Entre eles, a dona de casa Luciana Barbosa, mãe de Maria Luiza, de 4 anos, que deveria estar iniciando a vida escolar. “Não tem creche. Não tem previsão de reabrir. Não tem o que fazer”, afirma. Assim como Luciana, no bairro muitas mães deixam de trabalhar por não ter com quem deixar os filhos pequenos.

A creche e berçário, localizada na Avenida João XXIII, com capacidade para 400 crianças, foi considerada modelo há cerca de cinco anos. O espaço, com fachada deteriorada e diversos problemas de infiltração e nas instalações elétricas, está inutilizado por falta de manutenção. A caixa d’água descoberta é apontada pelos vizinhos como possível foco de mosquito da dengue. Nas adjacências, vários moradores estão doentes, como o aposentado José Cortez de Medeiros, 67, que já ligou para Secretaria de Saúde diversas vezes para denunciar, mas até então, nada foi feito.

A professora Geralda Sena Barbosa, que atuou 20 anos como educadora na creche Nossa Senhora de Lourdes, testemunha que em muitos casos, as crianças são deixadas não apenas pela necessidade das mães trabalharem, como também para garantir alimentação. “É um bairro carente, com diversos problemas sociais. Crianças sofridas com pais marginalizados, envolvidos com drogas. Precisam de comida e assistência”, afirma. Afastada por licença médica, a professora sofre com a falta de informação sobre onde irá trabalhar quando for liberada pelos médicos. Sem a renovação do convênio com o governo do Estado- principal mantenedor - para 2011, o futuro da entidade é confuso.

A dúvida quanto o futuro, segundo a assessora técnica do Meios, Mariângela Silva de Góis se repete nas demais unidades. Segundo a assessora, o Meios mantinha 780 servidores lotados nas creches em Natal e Mossoró, de um total de 1.843 funcionários. “O futuro deles será definido só quando houver a intervenção do novo administrador para apurar irregularidades e orientar a reformulação do quadro de pessoal e atividades”, explica.

De antemão, por lei, a Secretaria Municipal de Educação não poderá absorver a mão de obra, por não se tratar de concursados. O Ministério Público Estadual deve impetrar ação hoje solicitando a nomeação de um administrador provisório para proceder investigações e o pagamento dos atrasados.

Segundo o secretário estadual de ação social Luiz Eduardo Carneiro, o repasse dos valores em juízo deve ser realizado até a próxima segunda-feira. Na edição, de ontem, do Diário Oficial do Estado foi publicada o crédito suplementar da Sethas, no valor de R$ 2.407.000,00, referente ao pagamento dos atrasados. Os cerca R$ 400 mil restantes será remanejado da pasta do gabinete civil para complementação do valor do débito, de R$ 2,9 milhões. “Até a próxima semana os servidores estarão com os salários em dia”, afirma Carneiro.

SME espera reabrir alguma unidades

A Secretaria Municipal de Educação espera, até o final de março, reativar nove das 18 unidades incorporadas em janeiro. A reabertura, segundo Marcos Cleber Alves de Moura, chefe do gabinete da Secretaria Municipal de Educação e presidente da comissão de transição das creches do Meios, depende somente da criação de portaria que transforma as creches em CMEIs. “Embora se trate de educação infantil, não é creche, e há alguns aspectos da estrutura física que deve estar de acordo com o projeto pedagógico”, observa o Cleber Alves.

O professor assegura ainda que os gestores para dirigir os nove CMEIs foram escolhidos e que dispõe de pessoal para começar atuar. “Os educadores estão inclusos entre os 384 concursados e os temporários convocados no início do ano pela Prefeitura e, quando abertos os CMEIs, faremos outras chamadas”, garantiu. O atraso no ano letivo, explica Moura, se deu pelo não cumprimento do prazo para repasse por parte do Meios e pelo estado em que os prédios, cedidos ao Município por dois, foram encontrados.

Promotoria

Em reunião realizada na tarde de ontem, com o secretário de educação do Município, Walter Fonseca, a promotora Zenilde Ferreira deixou claro que o Ministério Público não vai admitir a contratação de professores temporários para suprir vagas definitivas que estão abertas, na educação infantil e ensino fundamental. “Os contratos temporários são para situações específicas, como substituição por licença-saúde; licença maternidade ou licença-prêmio de professores do quadro”.

A prefeitura, ressaltou a promotora, precisa convocar os aprovados do concurso público realizado em 2008, ainda válido. Na audiência com o secretário, a promotora alertou ainda para a necessidade de regularização das Unidades Executoras – exigida por lei para que a escola receba os repasses financeiros, inclusive os federais.

A promotora adiantou que há dificuldade de abrir ou renovar a titularidade das unidades executoras (é preciso substituir antigos diretores, pelos novatos que assumem em 2011) porque a Prefeitura tem débito junto ao cartório.

Sara Vasconcelos - Repórter
Fonte: tribunadonorte.com.br

terça-feira, 22 de março de 2011

cuidar bem da água!!

Eis algumas dicas:

1. Vou fechar a torneira durante a ducha, enquanto passo o sabonete no corpo
2. Vou agir igual, quando escovo os dentes – não faz sentido algum ficar vendo a água escorrer durante a escovação
3. Vou jogar o lixo no lixo – e não dentro da privada, evitando assim o uso da descarga
4. Vou checar se a descarga está regulada, jeito simples de economizar água
5. Vou parar de jogar na rua o que tenho nas mãos: basta chover para que esse lixo seja levado pela água para o bueiro, onde o lixo ganha volume e provoca alagamento
6. Vou conversar com a vizinha e tenta convencê-la sobre o desperdício que é lavar a calçada. Porque a calçada não precisa de água, mas o planeta sim
7. Vou mostrar ao meu pai que o carro pode ser lavado com a medida de água de um balde, o que evita usar a mangueira livremente
8. Vou sugerir à minha mãe desviar a água da máquina de lavar para o tanque e, com ela, lavar o quintal
9. Também vou mostrar para ela que a água usada para lavar frutas e legumes serve depois para molhar as plantas
10. Vou mudar essa história de evitar o desperdício só em casa. Água é um bem coletivo – seja onde for, se estou gastando à toa, o resultado será negativo para todos nós.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/preservar-a-agua-621975.shtml

sobre fotografia - por carpinejar

SÓ SOBRE MINHA FOTO DE MORTO
Posted: 08 Feb 2011 05:31 AM PST
Fabrício Carpinejar

Toda fotografia é um arrependimento, por isso tiramos tantas. Negociamos o descontentamento pela quantidade.

Sou obcecado pela pose, natural de quem é feio e procura se perdoar nos defeitos dos outros.

Uma de minhas pirações é remexer o baú de casa para definir qual é a imagem de morto de meus parentes. Existe uma foto de morto quando a pessoa ainda está viva. Representa a foto definitiva, que sairá no anúncio fúnebre ou na lápide. Depois de seu clique, a morte recusa liminar.

Será a nossa efígie, nosso símbolo alfa-numérico, nosso hieróglifo.

Che Guevara, por exemplo, morreu mesmo ao se deixar fotografar por Alberto Korda em 5 de março de 1960, em Havana. Aquele famoso retrato, Guerrilheiro Heroico, que estampa hoje desde camisetas até calcinhas, foi a emboscada fatal dos seus traços.

Já posso ter minha foto de finado. Analiso com cuidado os álbuns, examino as olheiras, levanto com paixão o véu dos rostos das páginas.

Minha escolha é feita a partir de três itens: caráter, estoicismo e determinação. Privilegio a cena que esteja encarando a máquina, como um toureiro ferido, antevendo o pior e não se acovardando. Os olhos firmemente abertos, porém com as pálpebras pesadas, numa imobilidade curiosa de ostra.

A antecipação demonstra o receio pela boa vontade dos familiares. Não me ajudam a procurar nenhuma comprovante de conta na gaveta, duvido que se prontifiquem a perseguir o melhor perfil e ângulo.

Mas estou em dúvida. Há critérios extra oficiais.

A foto também depende de como morri. Em caso de atropelamento, costuma ser a da identidade, a que estava no plástico sujo da carteira. Nada mais anônimo do que o fundo neutro e as sobrancelhas tristes de funcionário público.

Ao me perder em acidente de trânsito, é provável que se utilize a da carteira de motorista. Com afronta orgulhosa das pupilas, estrelas de espora. O homem parece um caubói ao ser aprovado no exame de habilitação.

Vítima de crime hediondo, a tradição é recorrer à chantagem da formatura. Para aumentar a injustiça: cara com futuro brilhante e desaparecido em algum matagal. Ou com a família numa praia, acentuando o contraste da felicidade passada com o ressentimento atual.

Se eu fosse uma celebridade, seria numa suruba flutuante, com a careta bêbada no iate, a língua para fora, retardado. Uma vingança invejosa ao sucesso. Raramente são aproveitados os flagrantes líricos da infância. A tentativa é sempre publicar a mais recente ou a mais acessível. E também porque ninguém entenderia o que aquela criança fazia dentro do rosto daquele barbudo.

O que não gostaria é que fosse aproveitada a foto do passaporte. É a mais chinelona de todas. É abominável. Atinei de estrear um quimono preto. O que atravessou minhas têmporas naquele dia para inaugurar uma roupa oriental com minha fisionomia de vendedor turco? Custava abrir uma exceção e vestir uma camisa polo, algo agradável, simpático, discreto, de almoço no sogro?

Desejava mostrar que era cosmopolita, multicultural, atento às tendências e saí vestido de bairro Liberdade. Eu mesmo me fichei. Quimono em mim é pijama. Não nasci para seda.

O rosto anguloso, o nariz adunco e a boca miúda têm ternura talibã. É acentuar a suspeita. Qualquer neto de italiano e descendente de árabe será indiciado com um quimono. Ou é um traveco ou um terrorista. Ou um traveco terrorista.

Como passarei pela revista da alfândega de Nova York? Que esperança, jamais conseguirei o visto da embaixada. Eu sou a arma química. Eu me explodi antes da hora.

Fico por aqui. Minha pária é a língua portuguesa.

Publicado no Pernambuco
Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado
Recife (PE), fevereiro de 2011

Lua de Março

Uma lua maravilhosa nos brindou com esplendor essa semana!! Confira no Blog do Estadão
http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/super-lua-pelo-mundo/

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mulheres... homens... os papéis de identificação

Esse artigo de Boaventura dos Santos ajuda a pensar!!

DEBATE ABERTO
As mulheres não são homens
A cultura patriarcal tem uma dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas. Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres.

Boaventura de Sousa Santos

No passado dia 8 de março celebrou-se o Dia Internacional da
Mulher. Os dias ou anos internacionais não são, em geral, celebrações.
São, pelo contrário, modos de assinalar que há pouco para celebrar e
muito para denunciar e transformar. Não há natureza humana assexuada;
há homens e mulheres. Falar de natureza humana sem falar na diferença
sexual é ocultar que a “metade” das mulheres vale menos que a dos
homens. Sob formas que variam consoante o tempo e o lugar, as
mulheres têm sido consideradas como seres cuja humanidade é
problemática (mais perigosa ou menos capaz) quando comparada com a
dos homens. À dominação sexual que este preconceito gera chamamos
patriarcado e ao senso comum que o alimenta e reproduz, cultura
patriarcal.

A persistência histórica desta cultura é tão forte que mesmo
nas regiões do mundo em que ela foi oficialmente superada pela
consagração constitucional da igualdade sexual, as práticas quotidianas
das instituições e das relações sociais continuam a reproduzir o
preconceito e a desigualdade. Ser feminista hoje significa reconhecer que
tal discriminação existe e é injusta e desejar activamente que ela seja
eliminada. Nas actuais condições históricas, falar de natureza humana
como se ela fosse sexualmente indiferente, seja no plano filosófico seja no
plano político, é pactuar com o patriarcado.

A cultura patriarcal vem de longe e atravessa tanto a cultura
ocidental como as culturas africanas, indígenas e islâmicas. Para
Aristóteles, a mulher é um homem mutilado e para São Tomás de Aquino,
sendo o homem o elemento activo da procriação, o nascimento de uma
mulher é sinal da debilidade do procriador. Esta cultura, ancorada por
vezes em textos sagrados (Bíblia e Corão), tem estado sempre ao serviço
da economia política dominante que, nos tempos modernos, tem sido o
capitalismo e o colonialismo. Em Three Guineas (1938), em resposta a um pedido de apoio financeiro para o esforço de guerra, Virginia Woolf
recusa, lembrando a secundarização das mulheres na nação, e afirma
provocatoriamente: “Como mulher, não tenho país. Como mulher, não
quero ter país. Como mulher, o meu país é o mundo inteiro”.

Durante a ditadura portuguesa, as Novas Cartas Portuguesas publicadas em 1972 por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, denunciavam o patriarcado como parte da estrutura fascista que
sustentava a guerra colonial em África. "Angola é nossa" era o correlato de
"as mulheres são nossas (de nós, homens)" e no sexo delas se defendia a
honra deles. O livro foi imediatamente apreendido porque justamente
percebido como um libelo contra a guerra colonial e as autoras só não
foram julgadas porque entretanto ocorreu a Revolução dos Cravos em 25
de Abril de 1974.

A violência que a opressão sexual implica ocorre sob duas formas,
hardcore e softcore. A versão hardcore é o catálogo da vergonha e do
horror do mundo. Em Portugal, morreram 43 mulheres em 2010, vítimas
de violência doméstica. Na Cidade Juarez (México) foram assassinadas nos
últimos anos 427 mulheres, todas jovens e pobres, trabalhadoras nas
fábricas do capitalismo selvagem, as maquiladoras, um crime organizado
hoje conhecido por femicídio. Em vários países de África, continua a
praticar-se a mutilação genital. Na Arábia Saudita, até há pouco, as
mulheres nem sequer tinham certificado de nascimento. No Irão, a vida de
uma mulher vale metade da do homem num acidente de viação; em
tribunal, o testemunho de um homem vale tanto quanto o de duas
mulheres; a mulher pode ser apedrejada até à morte em caso de
adultério, prática, aliás, proibida na maioria dos países de cultura islâmica.

A versão softcore é insidiosa e silenciosa e ocorre no seio das famílias,
instituições e comunidades, não porque as mulheres sejam inferiores mas,
pelo contrário, porque são consideradas superiores no seu espírito de
abnegação e na sua disponibilidade para ajudar em tempos difíceis.
Porque é uma disposição natural. não há sequer que lhes perguntar se
aceitam os encargos ou sob que condições. Em Portugal, por exemplo, os
cortes nas despesas sociais do Estado actualmente em curso vitimizam em
particular as mulheres. As mulheres são as principais provedoras do
cuidado a dependentes (crianças, velhos, doentes, pessoas com
deficiência). Se, com o encerramento dos hospitais psiquiátricos, os
doentes mentais são devolvidos às famílias, o cuidado fica a cargo das
mulheres. A impossibilidade de conciliar o trabalho remunerado com o
trabalho doméstico faz com que Portugal tenha um dos valores mais
baixos de fecundidade do mundo. Cuidar dos vivos torna-se incompatível
com desejar mais vivos.

Mas a cultura patriarcal tem, em certos contextos, uma outra
dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública
que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas.

Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de
resistência e a capacidade de inovação política das mulheres. É assim que
se ignora o papel fundamental das mulheres na revolução do Egipto ou na
luta contra a pilhagem da terra na Índia; a acção política das mulheres que
lideram os municípios em tantas pequenas cidades africanas e a sua luta
contra o machismo dos lideres partidários que bloqueiam o acesso das
mulheres ao poder político nacional; a luta incessante e cheia de riscos
pela punição dos criminosos levada a cabo pelas mães das jovens
assassinadas em Cidade Juarez; as conquistas das mulheres indígenas e
islâmicas na luta pela igualdade e pelo respeito da diferença,
transformando por dentro as culturas a que pertencem; as práticas
inovadoras de defesa da agricultura familiar e das sementes tradicionais
das mulheres do Quénia e de tantos outros países de África; a resposta
das mulheres palestinianas quando perguntadas por auto-convencidas
feministas europeias sobre o uso de contraceptivos: “na Palestina, ter
filhos é lutar contra a limpeza étnica que Israel impõe ao nosso povo”.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
(Fonte: www.cartamaior.com.br)

Para produção
O que é ser homem?
o que é ser mulher?
O que é portar um rótulo?
porque a necessidade de segir regras estabelecidas?
será que as "regras sociais" garantem uma "boa convivência" o que é ser humano?
Não pensamos sós , pensamos pelas paravras dos outros à nossa maneira.
O que e como o outro nos apresenta ideias, informações, reflexões e fatos nos incentiva a uma forma de pensamento...
Precisamos responder a tudo, a todas as nossas questões?
É mais imortante pensar sobre ou achar uma resposta, uma verdade?
Qual é a verdade?
Qual a sua verdade?
Pensar é mesmo importante?

quarta-feira, 16 de março de 2011

Amanhã - 17/03/2011 na UFRN

UFRN recebe o projeto “Rodas de Conversar” com José Xavier Cortez
16/03/2011 14:10 O editor José Xavier Cortez, que já teve sua história contata em documentário e livros, inicia uma série de encontros pelo Brasil. Nesta quinta-feira, 17, às 14h, ele dará a aula inaugural para o Programa de Pós Graduação em Educação, no auditório do Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicada (Nepsa). Na ocasião, José Xavier irá apresentar o projeto Rodas de conversa – A leitura, o livro e o editor.

Migrante nordestino, ex-lavrador, marinheiro e lavador de carros, José Xavier Cortez é protagonista de uma história tão singular quanto universal, capaz de inspirar jovens e adultos a pôr em prática os seus anseios. Com o projeto atual, o editor pretende contribuir para a difusão do apreço ao livro e à leitura, realizando encontros através dos quais todos os envolvidos com o universo cultural e educacional possam conhecer o papel preponderante que a leitura e o livro exerceram na trajetória do editor; o livro e a leitura como fatores de realização pessoal; e a cadeia produtiva que dá origem a um livro, abrangendo todas as etapas de realização, da avaliação do original até sua comercialização.

A “Rodas de conversas - A leitura, o livro e o editor”, com Xavier Cortez, serão dirigidos e adaptados para mais diversos públicos.

Autor de mais de 20 gramáticas ministra aula inaugural na UFRN
15/03/2011 17:34 Professor da Universidade Federal de Uberlância/MG e autor de vários livros e gramáticas, Luiz Carlos Travaglia ministrará a aula inaugural de Linguística, com o tema: “Uma teoria sobre categorias de texto”, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nesta quinta-feira, 17, às 15h, na sala 05 da Escola de Ciência e Tecnologia – ECT. O professor ministrará, também, no dia 17, o minicurso “leitura: dos recursos linguísticos ao tópico discursivo”, no Anfiteatro 06 da ECT, das 8h às 12h.

Luiz Carlos Travaglia fez seus estudos superiores na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Minas Gerais, onde cursou Licenciatura Plena em Letras: Português - Inglês. Hoje é professor de Língua Portuguesa e Linguística e pesquisador do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia. Foi professor do ensino fundamental e médio por quase duas décadas e é mestre em Letras (Língua Portuguesa) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Doutor em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com pós-doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Travaglia é autor de várias obras como: “A Aventura da Linguagem”, da Editora IBEP - Companhia Editora Nacional (Edições 2005, 2009 e 2010); “Gramática e interação - Uma proposta para o ensino de gramática”, da Editora São Paulo e “O aspecto verbal no Português: a categoria e sua expressão”, da Editora da Universidade Federal de Uberlândia, além de escrever artigos como “Da infância à ciência: língua e literatura (depoimento)”, inserido no artigo de Beth Brait.
Fonte: www.mel.ileel.ufu.br

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Irena Sendler

O que mais vale é a nossa lembrança e a homenagem que fizermos a ela ajudando a todas as crianças que precisarem de nós!

Irena Sendler
Uma senhora de 98 anos chamada Irena faleceu em 12/05/2008.
Polonesa, que durante a 2ª Guerra Mundial, conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações.
Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazistas relativamente aos judeus (sendo alemã!)
Irena trazia crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira na parte de trás da sua caminhoneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da caminhoneta um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazistas quando entrava e saia do Gueto.
Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.
Por fim os nazistas apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas, braços e prenderam-na brutalmente.
Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim.
Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família. A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos.
No ano passado foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore pelos dispositivos sobre o Aquecimento Global.
Passaram já mais de 60 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial na Europa. Este e-mail está a se reenviando como uma cadeia comemorativa, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos e 1.900 sacerdotes católicos que foram assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e humilhados. Infelizmente esses mesmos povos hoje realizam algumas das mesmas atrocidades que sofreram, mas... o importante é que a violência não deve ser defendida ou propagada.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/401169-morre-irena-sendler-que-salvou-2500-criancas-judias-durante-holocausto.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Irena_Sendler

“ A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade. - Irena Sendler ”

segunda-feira, 14 de março de 2011

14/03 Dia Nacional da Poesia

Para que serve a poesia? Para nos fazer viver melhor!!

Manoel de Barros

Didática da Invenção

I

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:

a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.

Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

IV

No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras

IX

Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.

Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

IX

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

Fonte: www.jornaldepoesia.jor.br

“Cinema&Educação – Um olhar Pós-Estruturalista”

curso “Cinema&Educação – Um olhar Pós-Estruturalista”, a ser realizado nos meses de abril, maio e junho de 2011.

O curso utilizará o cinema como campo de experimentação do pensamento, tendo por objetivo problematizar questões da contemporaneidade em sua relação com os processos educativos, além de produzir diálogos entre filmes que serão exibidos ao longo das aulas.

Os coordenadores responsáveis são Prof. Dr. Alexander de Freitas, Prof.ª Dr.ª Karyne Dias Coutinho e Prof.ª Dr.ª Mariangela Momo. Podem se inscrever alunos, professores e funcionários da UFRN e a comunidade não-UFRN. O período das inscrições vai de 21 a 25 de março. Para mais informações, confira os folders na página da PROEX:

http://www.proex.ufrn.br/noticias/ler/418